As alegrias da maternidade - Buchi Emecheta

Livro super necessário!


Título: As alegrias da maternidade
Autor: Buchi Emecheta
Páginas: 320pg.
Editora:
Tag Literária
Ano de Publicação:
2017.
Motivos para ler: 
Importantíssima leitura para você ter uma noção de como é injusto o tratamento de mulheres que são usadas apenas para criarem os filhos e servirem os maridos.

Motivos pra não ler: Acho que é uma leitura necessária a todos.
Analise de capa:  capa verde com a arvore genealógica de Nnu Ego.


"Nnu Ego atribuía ao seu chi, o seu deus pessoal, o seu destino conturbado de menina, mulher, estéril no primeiro casamento mas tornada mãe de vários filhos aquando do segundo. Sabia que o seu chi era uma mulher, não só porque somente uma mulher castigaria outra tão rudemente mas também porque muitas vezes lhe haviam relatado na sua terra, Ibuza, que o seu chi era uma escrava que fora sepultada viva com a sua falecida dona. Esta mulher-mãe vive uma história cheia de percalços, dificuldades em sobreviver à miséria e à fome que sucessivas vezes se vai instalando no seu percurso de vida, às privações, às desavenças com o marido, à morte e doença de filhos e, por último, à ingratidão de alguns deles por quem tanto lutou e de quem esperava comportamentos diferentes. Mas as alegrias da maternidade foram preenchendo e fazendo história na vida desta mulher lutadora cuja vida revemos neste conjunto de páginas repletas de uma escrita deliciosa, envolvente, clara e realista e com um humor muito peculiar. O quadro de vida apresentado nesta obra, muito graciosamente dedicado «A todas as mães» pela autora, espelha as múltiplas facetas da mulher-mãe ansiosa por descobrir as alegrias da maternidade e que vive exclusivamente em função dessa maternidade e para essa maternidade, sem tempo de sobra para cultivar amizades e cujas alegrias muitas vezes são transformadas em sofrimento alegremente sentido, porque o mais importante para a mulher igbo é a concretização da maternidade."

Literatura africana, nunca pensei que leria, mas como assinei a Tag literária eu o recebi, numa das caixinhas mensais.  Quando li o título logo pensei que não era pra mim. Não sou mãe, deve ser um livro de ajuda e ensino as novas mães. Eu não podia estar mais enganada. Depois de uma indicação da @meusbonslivros eu entrei de cabeça nessa história que começa contando sobre os pais de Nnu Ego, como se apaixonaram, e como a tiveram. Tudo isso retratando como eram as relações da época. As mulheres inferiorizadas que serviam seus maridos e tinham que lhes dar filhos homens. A mãe de Nnu Ego não queria se casar, queria ter um filho só para a linhagem de seu pai não morrer. Mas ela acaba tendo uma filha, uma filha que acredita que só a maternidade a fará alcançar a plenitude como mulher.
Mas ao que tudo indica Nnu nasceu para sofrer, seu chi (cada pessoa nasce com um de acordo com a cultura igbo) é de uma escrava assassinada para poder servir sua ama, depois da morte, e eles acreditam que ela voltou para atormentar a família, sendo a mais afetada Nnu. Nnu acaba se casando com um homem dos sonhos, porém ela não consegue engravidar, e acaba sendo trocada por outra esposa, e sofre reprimendas da tribo, seu pai então a manda a civilização, para um segundo casamento. Onde agora ela é abençoada com filhos. Mas as coisas que ela esperava, não são nada de como pensava.
Ela despreza o marido que é totalmente diferente dos trabalhadores da tribo. E com a chegada dos filhos fica cada vez mais evidente que é Nnu que se dedica enquanto Nnaife só pensa em trabalho. Tendo que trabalhar e forçada a viver em um mundo bem diferente do dela, Nnu tenta se adaptar a sua nova condição de mãe vivendo em uma colonia britânica e tendo que sustentar os filhos praticamente sozinha. O título nada mais é do que uma grande artimanha de ironia, já que se você ler a história de Nnu vai descobrir o quanto essa mulher foi injustiçada.



  O que eu achei?

Esse livro foi muito necessário pra mim. Ele é totalmente desconcertante. Pensando em tudo que a Nnu passa, você não tem como não ficar revoltado com a insistência em reduzir da mulher em muitas culturas, como premio, presente, ou fardo, como se fosse um produto mesmo. 
No caso dela se os filhos fossem exemplares e obedientes, puxavam ao pai, se eram desobedientes ou iam mal, eram só da mãe. E a inferioridade da mulher é tão imposta que os próprios filhos não dão a minima para o esforço de uma vida inteira na criação.
É um livro recheado de ironias que te faz pensar, e ter em mente que existiram mulheres que passaram a mesma coisa, e tem mulheres que passam por isso até hoje! Mesmo assim Nnu, foi uma lutadora, criou e educou os filhos com uma força descomunal, de uma heroína mesmo.
Leiam esse livro até o final!! É triste, não é bonito, é algo que dói. 

Trago uns quotes:


Estava ficando farta daquele comportamento de dois pesos, duas medidas. Quando as crianças se comportavam, pertenciam ao pai; quando não, eram da mãe. 


Os homens… a única coisa em que estavam interessados era em bebês homens para dar continuidade a seu nome. Mas por acaso uma mulher não precisava trazer ao mundo a mulher-bebê que mais tarde geraria os filhos? “Deus, quando você irá criar uma mulher que se sinta satisfeita com sua própria pessoa, um ser humano pleno, não o apêndice de alguém?”, orava ela em desespero.

“Nunca fizera muitos amigos, de tão ocupada que vivera acumulando as alegrias de ser mãe.”  







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